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# Co-escrita para a Revista Philosophy Sharing
Olá! Se você chegou até aqui, imagino que você tenha ficado curioso sobre o chamado que eu fiz para a co-escrita de um texto que será publicado em uma revista trimestal de Malta. Bem vindx!
Esse é o HackMd, um bloco de notas colaborativo. O lado esquerdo (com formatação) alimenta o direito da tela (para leitura).
## Contexto
Por ter traduzido e publicado [um dos textos](https://www.emergir.co/discernimento/) do escritor Gilbert Ross para o *{Portal sobre Complexidade}* [Emergir](https://www.emergir.co), ele me convidou, há alguns dias atrás, a escrever um texto para a Philoshopy Sharing, uma revista impressa distribuída localmente nas Ilhas de Malta, em que ele atua como editor. A revista também está disponível online no site da [Philosophy Sharing Foundation](https://www.philosophysharing.org/), da qual ela faz parte.
O convite foi simples. Escrever um texto, em inglês, de **no máximo 1000 palavras** sobre **qualquer tópico que convide os leitores a pensar ou ganhar alguma nova informação**. E o texto deve ser enviado até o final do mês de Novembro, pois as revistas serão impressas no início de Dezembro.
> "The article doesn't need to be strictly Philosophical or academical. The readers are people who are interested in Philosophy and related subjects but non-academically. The article length is of around 900 words (max 1000) and you are free to pick a topic as long as it's something that invites the reader to think or gain some new information. I am attaching the last issue for your reference as a guide.”
## Co-Escrita
Depois de pensar sobre o que e como escrever esse texto, comecei a dar espaço a uma curiosidade que emergiu em mim. Como seria co-escrever esse texto em rede? Ou seja, como esse texto poderia ser imaginado, construído e escrito por qualquer pessoa que quisesse escreve-lo? Por si só, essa experiência já seria um baita compartilhamento filosófico. Então, sem ter respostas, decidi energizar essa co-criação, abrindo esse pad colaborativo, onde qualquer pessoa pode fazer qualquer alteração no texto (inclusive nesse enunciado), apenas alterando o que está na janela lateral direita. *Faz um teste ai!* A formatação é bem simples e você pode seguir os exemplos do que eu já escrevi aqui.
## Como co-escrever?
**Vamos descobrir juntos!** Temos o desafio de co-criar esse texto até o dia 28 de Novembro (estou colocando essa *deadline* simplesmente por ser o meu aniversário🎂). Como faremos isso exatamente eu não sei! O que pensei foi em uma estrutura básica:
- O texto final deve estar em Inglês, mas não é legal limitar a participação da co-criação apenas a quem se sente confortável nessa língua. Assim, proponho uma estrutura básica para esse documento: **Uma parte focada na co-escrita acontecendo em Português** e **outra parte na co-tradução para o Inglês**. Assim, co-escrita e co-tradução podem acontecer simultaneamente. Ambas as partes estão aqui nesse mesmo doc, mais pra baixo :point_down:
- Se houver necessidade de comunicação entre as pessoas co-escrevendo ou co-traduzindo o texto eu proponho que isso aconteça no recém criado [Slack do Emergir](emergirworkspace.slack.com), para mantermos uma comunicação mais estruturada e menos "atravessada por fluxos". [Aqui está um canal no Slack que eu eu criei para essa co-escrita em particular](https://emergirworkspace.slack.com/messages/CE81BF9MX). Esse pode ser um espaço para a decisão sobre a ordem de parágrafos, possíveis cortes para obdecer ao limite de palavras, e o que mais precisar ser decidido. *Recomendo a [familiarização com o Slack](https://www.youtube.com/watch?v=g4z9Z28dVKA). Não só por ser uma boa ferramenta de comunicação estruturada, mas também por que intenciono agitar outras dinâmicas no Slack do Emergir no futuro.*
- Se você fizer alguma contribuição, tire um *printscreen* do resultado e compartilhe no canal do Slack. Assim conseguimos ter um registro da evolução do texto
Com isso posto, vamos escrevendo. Complementando ou contrapondo ideias que já foram colocadas; trazendo novas perspectivas; alterando o que achamos que devemos alterar, etc … Minha vontade é assistir o que emerge de uma experiência livre de muitas regras, então eu não coloco nenhuma. Porém, proponho mais uma coisa. Uma temática inicial: a da **Incerteza** que caracteriza os tempos complexos em que vivemos. Logo farei minha contribuição em escrita. Talvez seja a primeira dessa co-criação, talvez não. Não tenho certeza ;)
Valeu e boa sorte para NÓ(S). Danilo
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# Co-escrita em PT
## (titulo)
Investigando em textos antigos, algo importante que um dia li; emergiu de lá uma frase iluminada, esta que me trouxe aqui:
"A consciência é como a chama de uma lamparina, quando a lamparina é acesa, a escuridão se dispersa".
Os tempos são habilidosos em nos trazer desconforto e grande incerteza quando trocam de fase, mas também elas, as incertezas, nos entregam pistas para que possamos seguir descobrindo, a partir de nós mesmos, caminhos novos ou oportunidades de nos tornarmos novos caminhantes. Desta forma, vamos nos fazendo pelos caminhos da natureza, tecendo laços vitais, descobrindo talentos e fraquezas.
Co-criar um texto a muitas mãos, neste novo tempo de metadados digitais, a ser lido de diversas formas ou em múltiplas linguagens, além de ser um desafiador convite à abertura e ao desapego, é sobretudo um ato de criação que desafia os tempos, algo como acender uma lamparina moderna e potente em meio a muitas mentes espelhadas em rede. Tal luminosidade parece capaz de clarear até a mais preciosa e certa incerteza de todos os tempos - A bela existência.
Nós somos Natureza.
Muitas vezes, nos vemos como seres "separados" da Natureza, porém, nós somos a própria Natureza, da mesma maneira que estamos co-criando este texto, nos estamos constantemente co-criando e evoluindo, nao separados, mas juntos a Natureza.
Ao entender que nós somos a Natureza, só então entenderemos o quanto estivemos "desmatando" a nós mesmos.
Considerando esse cenário, o que existe em um cenário futuro fruto do semear de uma nova consciencia precisamente no agora? Talvez nós nos adaptaremos a fluidez da inconstancia, de maneira que os imprevistos ganham espaço nos planejamentos, em um estado individual e coletivo de plena confiança na dança entre caos e ordem . Simplesmente paradoxal, a poesia da dualidade.
Não mais nos surpreenderemos tão intensamente, o desenvolvimento da equanimidade sugere que a humanidade se acostumará com o fluxo de surpresas.
Como diz Buckminster Fuller: “Nas complexidades do design integral, o universo é tecnologia. A tecnologia desenvolvida pelo ser humano é bastante incipiente comparada com a elegância da trama regenerativa não-humana. A humanidade não reconhece espontaneamente outra tecnologia que não seja a própria, de maneira que fala do resto como algo que ignorantemente chama de natureza.”
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Esta perspectiva se aceita possibilita uma amplitude de sentidos e torna necessária a adoção de um paradigma consonante que permita congregar os conhecimentos, valores e saberes oferecidos pela aventura humana planetária ao longo do tempo, do espaço e da época, e as mais diferentes manifestações artísticas, espirituais, culturais, filosóficas e técnicas, ressignificando as fundações que findam a ciência moderna para além dos seus próprios pressupostos e limites conceituais, a partir de um olhar acolhedor da pluralidade humana ao admitir a ignorância epistemológica científica de um ideal civilizacional erguido por um espírito egóico de um espectro inconsciente e coletivo baseado numa suposta crença de superioridade humana perante a natureza e de uma capacidade de tudo e qualquer coisa ordenar e controlar, reorientando-nos quanto espécie ao retorno e reconhecimento da natureza inerente a nós, exigindo um significativo olhar e questionamento sobre como nos relacionamos com o mundo, com o outro, com o ambiente, com o planeta, e quais as práticas e modelos sociais conhecidas e experienciadas na jornada histórica humana, dentre os mais diversos povos e culturas nos ofereceram ou oferecem um legado de conhecimentos e saberes que nos reconduzem a integralidade de relação diante da natureza, e assim, do planeta, frente aos urgentes desafios expressos na realidade contemporânea.
Dotando a incerteza um valioso papel e ferramenta motriz neste processo de ressignificação.
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# Versão Final PT
## A Complexidade da Incerteza – Um texto escrito por várias mãos.
### O que nos faz seres certos?
O quanto daquilo que acreditamos controlar, nós realmente controlamos?
De maneira geral, o que podemos entender por modus operandis atual – engrenado pelas macro forças político-econômicas do mundo globalizado – pressupõe uma possibilidade grande de controle sob diversas variáveis e fenômenos ao nosso redor. E os mind & action-sets que derivam desta visão acabam definindo muito do que é a experiência humana consciente (e subconsciente) na contemporaneidade. Contudo, não é exagero argumentar que isso que se transverte de realidade está muito mais próximo de uma encenação, especialmente em contextos caracterizados por alta complexidade. Por exemplo, pouco se vê desse anseio por controle no que costumamos chamar de “mundo natural”, do qual somos todos parte. O que se, vê na verdade, são fluxos dos mais diversos e intensos que emergem em situações de equilíbrio dinâmico nas escalas de organismos e coletivos de organismos (ecossistemas). Fluxos tais que manifestam habilidades impressionante de dança com a Incerteza que caracteriza a própria Vida.
A partir deste olhar, é possível especular sobre um momento de cisão da consciência humana com a sua própria Natureza, fenômeno que fica bastante explícito na tentativa de controle da última por parte da primeira. Isto é, aquilo que não se reconhece em sua forma plena, tenta controlar e comandar a dimensão de si que não entende como si, apenas por esta ser externa àquilo que, teoricamente, delimita um corpo.
Nesse processo, o controlador se venda àquilo que, comodamente, chama de externalidade e passa a operar a partir de uma encenação controladora. O que, tragicamente, torna menos provável as experiências de dança com suas dimensões externas, que ensinam a se relacionar com a Incerteza. E em um ciclo vicioso, a falta da experiência em como se relacionar com a Incerteza gera o medo da mesma, que gera o anseio por controle, que torna improvável experiências que ensinem a dança de relacionamento com a Incerteza, etc...
A repetição desse padrão por vários agentes em longos períodos de tempo reforça a encenação coletiva e a tendência à linearização de situações complexas. Porém, conforme aumentamos o grau de conectividade entre nós e, consequentemente, a complexidade da nossa co-existência, a linearização como método torna-se perigosa, e os sistemas de controle daquilo que é complexo passam a dar sinais de sua fragilidade. No meio disso, o que resta é a clareira da mudança, que em toda sua fluidez e não definição, pede passagem.
Os tempos são habilidosos em nos trazer desconforto e grande incerteza quando trocam de fase, mas também elas, as incertezas, nos entregam pistas para que possamos seguir descobrindo, a partir de nós mesmos, caminhos novos ou oportunidades de nos tornarmos novos caminhantes. Desta forma, vamos nos fazendo pelos caminhos da natureza, tecendo laços vitais, descobrindo talentos e fraquezas. A exemplo daquilo que se observa em relações íntimas amorosas, em que não se pode saber aonde a confiança em um parceiro nos levará, a Incerteza inerente aos tempos que trocam de fase traz consigo certo grau de esperança e deixa espaço para a construção de um imaginário em comum. E é neste local que reside abundância de insumo para o nascimento do belo.
Considerando esse pano de fundo, o que existe em um cenário futuro fruto do semear de uma nova consciencia precisamente no agora? Talvez nós nos adaptaremos a fluidez da inconstancia, de maneira que os imprevistos ganham espaço nos planejamentos, em um estado individual e coletivo de plena confiança na dança entre caos e ordem. Simplesmente paradoxal, a poesia da dualidade. Não mais nos surpreenderemos tão intensamente, o desenvolvimento da equanimidade sugere que a humanidade se acostumará com o fluxo de surpresas.
Como diz Buckminster Fuller: “Nas complexidades do design integral, o universo é tecnologia. A tecnologia desenvolvida pelo ser humano é bastante incipiente comparada com a elegância da trama regenerativa não-humana. A humanidade não reconhece espontaneamente outra tecnologia que não seja a própria, de maneira que fala do resto como algo que ignorantemente chama de natureza.”
Esta perspectiva possibilita uma amplitude de sentidos e torna necessária a concepção de paradigmas consonantes, que permitam congregar integralmente os tantos conhecimentos, valores e saberes oferecidos pelas aventuras humana e não humana ao longo do tempo e espaço, tais quais as mais diferentes manifestações artísticas, tecnológicas, culturais, filosóficas, espirituais. Talvez assim, esses paradigmas sejam capazes de nos tornar mais equipados para dançar com a complexidade dinâmica que gera e se alimenta dos diversos fluxos inerentes à Vida e à Incerteza, quiçá nos imunizando contra as sensações de angústia que acompanham várias das situações que não podemos controlar.
E de maneira especulativa, pode-se considerar que os modus operandis provenientes de tais paradigmas, ao acomodar a Natureza de nossa natureza, podem nos auxiliar no cultivo de dinâmicas complexas entre nós que, dentro de sua organicidade incontrolável e irregularidades regulares, minimizam as chances de injustiça e danos provenientes daquilo que é intencionalmente incerto, como certas normas, leis e acordos sociais.
Mas, no final das contas, não há como saber se estas especulações apontam para conclusões verdadeiras, até por que elas obedecem a lógicas ontológicas e epistemológicas que ainda não têm uma forma, apenas experimentações livres. Ou, para resumir em poucas palavras, todo esse texto é uma grande incerteza.
Esse texto foi escrito de forma colaborativa por várias pessoas conectadas aos clusteres de estudo e interação e animação em rede Emergir e E2GLATS.
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# Versão Final EN
## Complexity’s Uncertainty
How much of what we believe to control, do we actually control?
In general, that which can be understood as the current overarching modus operandi of the world - driven by the macroeconomic forces of globalization - foresees a great deal of control over various variables and phenomena around us. And the mind & action-sets that derive from this viewpoint end up defining much of the conscious (and unconscious) human experience at this time. However, it is no exaggeration to argue that this seemingly reality is much closer to a staged scene, especially in contexts characterized by high complexity. For example, little is seen of this yearning for control in what we usually call “the natural world," of which we are all part of. What one sees, in fact, are diverse and intense flows that emerge into situations of dynamic equilibrium, in the scales of organisms and collectives of organisms (ecosystems) alike.
From this perspective, it is possible to speculate about a moment of split between the human consciousness and its own Nature, a phenomenon made clear in the attempts of control and command of the latter by the former. In other words, that which does not self-recognize in its full form, tries to control and command the dimension of itself that are not understood as its own. That is, the parts of self that expand beyond a well defined body.
In this process, the commanders blindfold themselves to what they comfortably call externalities and start to operate from a controlling mindset, making dancing and playful experiences with their outer dimensions less likely to happen. What is utterly tragic, given that such dances are essential lessons for how to build a relationship with Uncertainty.
So, in a vicious cycle, the lack of experiences teaching how to relate to Uncertainty brings the fear of it, which generates the yearning for control, which makes the experiences that teach dancing with Uncertainty improbable, etc...
The repetition of this pattern by several agents in long periods of time reinforces the collective staging of a reality and the tendency to linearize complex situations. But as we increase the degree of connectivity between us and consequently the complexity of our co-existence, linearization as a method becomes dangerous, and the controlling systems of what is complex begin to show signs of their fragility. In the midst of this, what remains is the clearing of change, which in all its fluidity, asks for passage.
Times are adept at bringing us discomfort and great uncertainty when they switch phases, but they too, the uncertainties, give us clues so that we can continue to discover, from within ourselves, new paths or opportunities to become new hikers. In this way, we are doing ourselves in the ways of nature, weaving vital bonds, discovering talents and weaknesses. And as it is with intimate relationships, in which one can not know where trust in a partner will lead, the uncertainty inherent to times of change brings with it a certain degree of hope and leaves room for the construction of a common imaginary; a place of cocoon for the abundance of inputs and connections that can give birth to the beautiful.
Considering this background, what exists in a future scenario resulting from the sowing of a new consciousness precisely in the now? Perhaps we will adapt to the fluidity of inconstancy, so that the unforeseen gains space in the plans, in an individual and collective state of full confidence in the dance between chaos and order. Simply paradoxical, the poetry of duality. We will no longer be so surprised, the development of equanimity suggests that mankind will become accustomed to the flow of surprises.
As Buckminster Fuller puts it: "In its complexities of design integrity, the Universe is technology. The technology evolved by man is thus far amateurish compared to the elegance of nonhumanly contrived regeneration. Man does not spontaneously recognize technology other than his own, so he speaks of the rest as something he ignorantly calls nature."
This perspective contemplates a wide range of meanings and makes necessary the conception of consonant paradigms that make it possible to fully congregate the many types of knowledge, values and ways of knowing offered by the human and non-human adventures throughout time and space, such as the most different artistic, technological, cultural, philosophical, and spiritual manifestations. Perhaps these paradigms will be able to make us more equipped to dance with the dynamic complexity that generates and feeds on the various flows inherent to Life and Uncertainty, perhaps even immunizing us against the sensations of anguish that accompany several of the situations that we can not control.
And, in another speculative exercise, one can infer that the modi operandi coming from such paradigms, in accommodating for the Nature of our nature, can help us to cultivate complex dynamics and rhythms to be transcribed into organic patterns that can mitigate the chances of injustice and damage arising from what is intentionally designed as uncertain and ambiguous, such as certain norms, laws and social agreements.
Nonetheless, at the end of the day, there is no way of knowing whether the speculations presented here actually point to some truth, or if their foundations are solid. Mostly because these deliberations seem to obey ontological and epistemological logics that do not have well defined forms, but are rather fluid themselves. That is, they exist to the extend that people conceptualize and live by them, exchanging documentation and validation along the way. So, to put it succinctly, this entire text is uncertain in its essence.